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domingo, 27 de janeiro de 2013

Tecnologia e sociedade: alteração nos paradigmas, precisam-se!











Os vídeos apresentados fazem parte de um conjunto de vídeos do professor Michael Wesch, professor de Antropologia Cultural na Universidade do estado do Kansas, EUA.
Os três primeiros vídeos foram produzidos no âmbito da disciplina de Etnografia Digital em conjunto com os seus alunos e pretendem alertar para a necessidade da alteração dos paradigmas educacionais no ensino superior, face à revolução tecnológica e ao seu impacto na sociedade actual. Apresentam também a visão dos estudantes sobre o seu percurso académico, as suas necessidades e expectativas. No quarto vídeo, assistimos a uma apresentação do professor Wesch no Lincoln Center em Nova Iorque, em Junho de 2009, no Personal Democracy Forum.
No global, o autor parte da sua realidade e da dos seus alunos, que é o ensino superior, e alertar para a urgência da mudança de paradigmas neste nível de ensino.
Wesch procura evidenciar o espírito de solidariedade, colaboração, cooperação e entreajuda existente nos estudantes da universidade do Kansas, para com os alunos com dificuldades económicas, revelando um conjunto de valores promovidos no seio daquela comunidade académica que demonstram a essência do espírito académico existente nos alunos da universidade. Se educação não é só instrução, mas também transmissão de valores, é demonstrado que a rede pode ser um instrumento precioso na disseminação da prática desses mesmos valores, apelando à participação. Não poderemos inferir que, numa escala mais alargada, o acesso à educação pode mesmo ser global se as pessoas interiorizarem e praticarem os valores acima referidos? A predisposição para apoiar os que têm menos recursos? Sendo aqui que se revela a grande contribuição que as tecnologias podem dar na globalização do acesso à educação, não no âmbito de meros utilizadores, mas de construtores de informação e de partilha.
Tendo os jovens de hoje já nascido na era das novas tecnologias, isso possibilita-lhes uma intervenção mais ativa na deteção e introdução das alterações necessárias, podendo constituir uma mais-valia na implementação da mudança de paradigma. Esta intervenção ocorre, sobretudo, com a sua presença na rede: com a utilização em larga escala das redes sociais, podemos facilmente visualizar o "pensamento" dos estudantes dos nossos dias e a preocupação que demonstram em termos do seu futuro, ao exporem os seus desejos e expetativas de forma mais transparente e autêntica, como o professor Wesch mostra no vídeo referente à utilização do Youtube, onde refere que as pessoas revelam partes de si que não revelariam de outra forma, pois o “peso” da exposição não é tão forte quando não existe um interlocutor presente e real. Este é um aspeto relacionado com a autenticidade e transparência na rede. O facto de se falar para uma câmara, sem um público concreto, desinibe e permite uma maior autenticidade e uma maior facilidade na procura de relações, de obtenção de feedback. O conceito com que o professor Wesch abre a sua comunicação no Lincoln Center de que “media are environments, not just tools”, é ilustrado por esta constatação observada na rede pela sua equipa, na medida em que o ambiente potencia determinados comportamentos que não ocorreriam num outro.
Também bem diferentes das de antigamente são as necessidades, desejos e expectativas dos estudantes da nova “e-geração“, cuja satisfação deverá passar pela reformulação do sistema de ensino que deveria aproveitar as capacidades dos estudantes que, através da tecnologia, ganharam recursos antes impensáveis, bem demonstrados na apresentação da utilização do seu tempo que chega a ultrapassar as 24 horas do dia. Este aspeto é revelador da sua polivalência e capacidade de multitasking, a qual adquiriram por via da transformação do real, onde este se confunde com o virtual, ao possibilitar a execução de várias tarefas simultaneamente e ao eliminar a necessidade da presença física para a sua concretização.
Outro aspeto importante prende-se com um comentário apresentado: “when I graduate I’ll probably have a job that doesn’t exist today.” Esta é uma realidade que já se vem a verificar há vários anos e que é reveladora da influência que a tecnologia tem na evolução da sociedade, em que, num espaço de pouco mais de uma década as profissões para as quais os estudantes começam a ser preparados deixam de existir para emergirem novas profissões. A alteração dos paradigmas profissionais, estão tão ligados à evolução da tecnologia, que exige a preparação dos estudantes sobretudo para a capacidade, gosto e necessidade de continuar sempre a aprender e de se tornarem suficientemente flexíveis para se adaptarem facilmente à evolução.
Com o aparecimento da web 2.0 processou-se uma enorme transformação no ciberespaço. Em vez de usarmos apenas as tecnologias de um modo passivo para criar documentos fechados, há uma total abertura ao que podemos designar de novos utilizadores/ construtores de conteúdos, possibilitando uma partilha de muito boa informação. Fica então associada a ideia de que não somos nós a usar a rede para produzirmos informação, mas é a rede que nos usa para disseminar tudo o que é produzido por nós. Estando associada uma ideia de enorme responsabilidade, a informação é depurada pela própria rede através do olhar atento e crítico dos outros cibernautas.
Na sua apresentação no Lincoln Center, o professor Wesch apresenta a descrição da evolução da expressão, muito utilizada pelos falantes de língua inglesa, whatever, desde o “não me interessa o que pensas”, ao “não me importo” até ao que se pretende que passe a ser “importo-me, por isso vamos fazer o que for preciso com o que for necessário”. Esta mudança de foco nos interesses dos cidadãos é também demonstrativa da relação entre sociedade e política, que se tem vindo a alterar com a presença na rede e a facilidade de comunicação e de disseminação da informação que ela permite, assim como uma maior filtragem face ao que é transmitido e, muitas vezes, manipulado pelos mass media.
Embora partindo de uma realidade que não é universal, a realidade americana, os vídeos do professor Wesch, apelam a transformações necessárias globalmente, realçando o importante papel da web 2.0 na construção de redes de conhecimento e de relações e a necessidade de alterar os paradigmas da sociedade face à evolução da tecnologia e às possibilidades que ela oferece.



Reflexão elaborada pelos alunos do Mestrado em Pedagogia do eLearning no âmbito da Unidade Curricular de Educação e Sociedade em Rede.
 2013
     Adelaide Dias
     Alberto Cardoso
     Cristina Neto



quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

OLDS MOOC:Different approaches to learning design

In this 3rd week's first activity, we were asked to think about our practice when designing a learning activity. Those are my thoughts:

This is how it usually works for me:

Which part/s of the design do you usually think about first when you begin a new learning design? Do you start with – the learners, the technology, learning approach, previous designs, resource constraints, time constraints, institutional strategy, or ... ?

When I think about a new learning design, I usuallly begin by thinking about the students. Since I work with teenagers and youngsters my worries are about what might interest them and gather their attention. Of course, I have to combine a lot of other aspects like available resources and technology and my own limitations.

Where do your ideas originate? From colleagues, from conferences or events, from student data or feedback, from personal experience, from case studies, or ...?

My ideas usually appear to me when I’m driving home :). Then I record them in my cell phone so I won’t forget them. They’re usually related to everyday situations. I like to provide learning designs which relate to students’ lives, something they know, or have seen or heard something about, but are not aware. It usually works quite well, since they get quite surprised when they discover they already knew that, they just hadn’t thought about it. This way I believe they get more engaged.

Sometimes, I get my ideas from things I see on the news or on the Internet, or elsewhere. Very often I pick somebody else’s idea and transform it to meet my needs.

What often happens, though, is that I’ve this great idea and then I spent a lot of time trying to find some tool to use for a particular task and I can’t find it or it is not for free. Then I have to find a different way to do what I’ve planned, but I always end up succeeding and doing it one way or the other. The outcome sometimes is a bit different from what I’ve imagined mas it serves the same purpose.

What difficulties do you encounter when trying to describe your design ideas to colleagues or to yourself?

I usually don’t have much difficulty in explaining my idea. When it comes out differently than planned, I usually have a good reason for it. As my resources aren’t so many I easily find it easy to explain what I mean, although I usually talk about this with people who are at the same technological level I am, or above. Unfortunately, in Portugal there are still many many teachers which are way beyond on ICT, specially the older ones. Anyway, when I imagine something more complex, I usually ask for help from my colleagues and I’ve learned quite a lot by asking and seeking help, that’s for sure!

domingo, 13 de janeiro de 2013

AUTENTICIDADE E TRANSPARÊNCIA NA REDE


A temática da autenticidade e da transparência na rede levanta várias questões que vou procurar abordar de forma sistematizada, considerando três perspetivas que considero abrangentes, mas complementares:
  • A questão ética
  • A “tentação” do plágio e sua deteção e prevenção
  • Autenticidade e transparência nas redes sociais 

A questão ética encontra-se sempre por trás das questões da autenticidade e da transparência, tanto na rede, como na vida. Se, por um lado, eticamente devemos ser autênticos e transparentes, por outro, sabemos que essa postura na rede nos pode trazer dissabores pois, não só os valores éticos não são transversais a todas as culturas, como também não são lineares numa mesma comunidade. Por outro lado, uma postura ética é sempre reconhecida pelos outros cibernautas, sendo que estes exercem também de alguma forma, um controlo sobre a informação disponibilizada conferindo-lhe credibilidade. Veja-se o caso da Wikipédia, onde qualquer pessoa pode criar uma entrada com a informação que desejar, mas que tem primeiro que passar por um “filtro” de editores que determinam a sua veracidade, sendo que esta tem tanta exposição a nível global, que facilmente pode ser controlada pelos utilizadores da rede. Isso não impede que não haja situações duvidosas e até caricatas: recentemente, a Wikipédia anunciou que retirou do “ar” uma entrada sobre uma suposta guerra entre a Índia e Portugal que teria acontecido no século XVII, que se veio a revelar totalmente falsa. Apesar disso, essa entrada da Wikipédia esteve online durante cerca de 5 anos, pois tinha sido tão bem fundamentada que os editores consideraram-na verídica, até que um conjunto de historiadores a veio desmentir.
Neste seguimento, a verificação da informação encontrada é uma questão fulcral para a sua obtenção de forma credível e fundamentada.
Por outro lado, frequentemente nos deparamos na rede com situações em que nos tornamos involuntariamente “violadores” dos direitos de autor, apenas por desconhecimento do que deve ou do que não deve ser partilhado na rede. Mas, também frequentemente, encontramos situações de plágio, mais ou menos encapotado. Para detetar essas situações, existem já diversos motores de busca que constituem uma boa ferramenta, embora não sendo infalíveis. Alguns deles estão agregados aqui:


No entanto, para combater esta “tentação”, há que promover uma mudança de mentalidades, seja através de punições, ou talvez de forma mais profícua, através da promoção de uma cultura de valores éticos e de códigos de honra que levem a uma alteração de comportamentos de forma intrínseca, resultante de uma atitude preventiva face a esta problemática.
Numa perspetiva diferente, as redes sociais são hoje uma ferramenta de utilização em larga escala, quer por utilizadores individuais como por todo o tipo de instituições. Como todos sabemos, a criação de perfis fictícios é, não só uma possibilidade, como uma realidade demasiadas vezes utilizada da pior forma.
Partindo do princípio, mais saudável, de que a maioria das identidades encontradas nas redes sociais é verdadeira, também sabemos que lá revelamos diferentes facetas de nós próprios consoante utilizamos essas mesmas redes com fins profissionais ou pessoais em contextos variados. No entanto, isto não significa verdadeiramente que não sejamos transparentes ou autênticos, pode apenas significar que fazemos na rede o mesmo que na nossa vida quotidiana, ou seja, agimos e interagimos de acordo com o contexto: não nos comportamos da mesma forma no trabalho, em família ou entre amigos. Interessante é verificar como essa pluralidade pode ser ignorada quando, por exemplo, as empresas procuram informações sobre potenciais funcionários nas redes, inferindo informação através da atividade publicamente exposta e relegando os contextos em que a mesma ocorre.
O perigo da autenticidade na rede, reside também na existência dos chamados “predadores” que procuram informações para atos ilícitos, como o roubo de identidades ou dados bancários (neste último caso, já não em redes sociais mas noutro tipo de sites, como é sabido).
Seja como for, tanto na exposição como na busca de informação, a autenticidade e a transparência devem ser fatores a ter em conta, não só para obter, como para conferir credibilidade aos nossos atos ou produtos na rede.