Na UC de Processos Pedagógicos em E-Learning, foi pedido que elaborássemos um artefacto que demonstrasse o nosso conhecimento sobre as teorias pedagógicas em E-learning e o papel do professor on-line. Parece-me que o artefacto que construímos reflete o que foi solicitado.
Blogue para publicação de trabalhos elaborados no âmbito do Mestrado em Pedagogia do E-Learning da Universidade Aberta, edição de 2012/2014. E, já agora, outras coisas também... afinal um blogue é um local de partilha...
domingo, 30 de dezembro de 2012
sexta-feira, 21 de dezembro de 2012
Afinal o que é o Digital Storytelling? Porque devo usar as licenças Creative Commons?
Como todos sabemos, contar
histórias (story telling) é uma
prática ancestral e terá mesmo sido outrora, a principal forma de transmissão
do conhecimento entre gerações. Atualmente, talvez pretendendo manter a
tradição mas adaptando-a à era digital, o Digital Storytelling é uma técnica que
pode ser utilizada no ensino e que consiste em pedir aos estudantes que contem
uma história, utilizando ferramentas digitais, em formato de vídeo. Para que essa
prática se revele eficaz, Lambert (2010) identificou os seguintes sete
pressupostos:
1 – A história
deve ser contada na primeira pessoa, a partir das suas experiências;
2 – A história
deve partir de uma questão que só será resolvida no seu final;
3 – A história
deve provocar emoções na audiência;
4 – A duração
do vídeo deve ser entre dois e quatro minutos;
5 – A cadência
do desenrolar da história deve ser adequada ao seu conteúdo, mais lento ou mais
rápido conforme exigirem os acontecimentos descritos;
6 – A inclusão
da gravação da voz do “produtor” do vídeo permite imprimir emoção ao conteúdo
descrito e envolve os estudantes, dando-lhes um sentimento de posse do seu
artefacto;
7 – A banda
sonora é opcional na produção do vídeo mas, utilizada adequadamente, valoriza o
produto final, podendo, não só acrescentar conteúdo, como fazer parte da
própria história.
Na produção deste tipo de
artefactos há sempre que ter em conta os direitos de autor, quer na utilização
de músicas como de imagens e mesmo de ferramentas. O que nos leva à nossa
segunda questão:
As licenças Creative Commons permitem
saber qual a utilização permitida para a maioria dos artefactos encontrados na
Web. Os produtos podem estar totalmente protegidos contra utilização e
divulgação, podem ser autorizados para fins não comerciais, pode ser dada
autorização apenas para divulgação, mas não para edição, só para fins educacionais
ou podem ser de uso totalmente livre. Embora as licenças Creative Commons não
garantam a liberalização dos direitos de utilização e divulgação (é sempre bom
confirmar!), o web site da CC oferece uma galeria diversificada de recursos agregados
por categorias. Embora a tendência seja para a liberalização dos conteúdos, os
países têm diferentes políticas de proteção dos direitos de autor, que a
Creative Commons tem vindo a considerar. Para a educação, a liberalização dos
conteúdos é, sem dúvida, um benefício importante, alargando o acervo disponível
e permitindo uma verdadeira partilha do conhecimento. No entanto, nesta fase
inicial do nosso trabalho, colocam-se, ainda, algumas dúvidas, que nos foram
colocadas em forma de desafio na UC de Ambientes Virtuais de Aprendizagem:
“ - Quando publicamos algo original, devemos atribuir-lhe uma licença?
- Quando partilhamos algo nosso, sem nenhum tipo de licença, passa a
ser domínio público?
- O que fazer, quando não queremos ceder direito?”
Referências:
- 7 Things You Should Know About Creative Commons, Educase Learning Initative. Disponível em: http://net.educause.edu/ir/library/pdf/ELI7023.pdf
- 7 Things You Should Know About Digital Storytelling, Educase Learning Initative. Disponível em: http://net.educause.edu/ir/library/pdf/ELI7021.pdf
- Glen Bull, Sara Kajder (2004), Digital Storytelling in the Language Arts Classroom, 46-49. In Learning and Leading with Technology 32 (4). Disponível em: http://www.digitalstoryteller.org/docs/DigitalStorytelling.pdf
- Lambert, J. (2010), Digital Storytelling Cookbook. Disponível em: http://www.storycenter.org/storage/publications/cookbook.pdf
- Matthews-DeNatale, G., Digital Storytelling Tips and Resources, Educase. Disponível em: http://net.educause.edu/ir/library/pdf/eli08167b.pdf
quarta-feira, 19 de dezembro de 2012
Personal (Digital) Learning Environment
Na minha perspectiva, um PLE será
o conjunto de todas as situações, ferramentas e serviços que um indivíduo
utiliza no seu processo de aprendizagem, consciente ou inconscientemente, em
contexto formal, não formal ou informal. Neste sentido, as aprendizagens
ocorridas em interação social presencial ou através de livros ou outros
documentos físicos, farão também parte do meu PLE. Por essa razão, preferi
chamar ao que apresento abaixo, o meu Personal Digital Learning Environment.
REFERÊNCIAS:
Num individuo extremamente
organizado, poderíamos esperar que se pudesse representar o seu PLE pelo Desktop
do seu PC e pela barra de favoritos do seu browser, mas isso poderia não
ser suficiente. Afinal, o desktop é um espaço personalizável à medida do
seu utilizador, assim como a barra de favoritos, o que personifica a
concepção de PLE, amplamente discutida e que, apesar de alguns consensos,
apresenta também “… uma diversidade de perspectivas e enfoques que
tornam difícil chegar a uma única definição estável e que albergue toda essa
diversidade.” (Mota, 2009).
O esquema abaixo apresentado está
organizado segundo 6 perspetivas do meu processo de aprendizagem: pesquisa,
partilha, comunicação, debate, construção de artefactos e armazenamento da
informação. Cada perspetiva apresenta as ferramentas ou serviços utilizados normalmente
para cada fim específico.
REFERÊNCIAS:
Mota, José (2009). Personal
Learning Environments: Contributos para uma discussão do conceito. In Educação, Formação & Tecnologias,
vol.2 (2); pp. 5-21, Novembro de 2009. Disponível em: http://eft.educom.pt/index.php/eft/article/view/105/66.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2012
15 coisas que serão obsoletas na Educação até 2020
Perspetiva interessante que encontrei num blogue:
15 coisas que serão obsoletas na Educação até 2020
Os próximos 10 anos serão de mudanças profundas na Educação, a todos os níveis. Nada que tenha a ver com a crise que vivemos, mas com a revolução digital que se acelera todos os dias.
Há cerca de um ano, a escritora Shelley Blake-Plock publicou um artigo no seu blogue Teacher 2.0, intitulado, “21 Things That Will Become Obsolete in Education by 2020″. Mais adaptado à realidade portuguesa, selecionei e adaptei 15 tópicos que vão no mesmo sentido. Talvez ajude a ultrapassar a depressão portuguesa de 2012 e 2013. Sem cinismo.
1. Mesas
O século 21 não se encaixa nada em mesas alinhadas. A educação vai reforçar os conceitos baseados em redes de fluxos, colaboração e dinamismo que vão reorganizar o espaço das aprendizagens, tornando obsoletas as filas de mesas e cadeiras características das nossas salas de aula fabris.
2. Laboratórios de Línguas
A aprendizagem de um língua estrangeira vai estar (já está, para quem quiser) à distância de um smartphone. Mais espaço disponível nas escolas.
3. Computadores
As salas de computadores, muitas vezes encostados às paredes, serão como que peças de museu. Os portáteis, tablets, smartphones e outros dispositivos vão limpar os velhos ecrãs, as torres e os emaranhados de fios. Mais espaço.
4. Trabalhos de casa
A educação será pensada e trabalhada 24 horas por dia, 7 dias por semana. Os limites tradicionais entre a escola e a casa tenderão a desaparecer. Como disse alguém, não precisamos de crianças para irem à escola; precisamos delas para aprenderem mais. A aprendizagem será contínua e em movimento. (ver o ponto 3).
5. Instrução massificada
Nos próximos 10 anos o professor que não souber utilizar a tecnologia para personalizar e diferenciar a aprendizagem dos seus alunos será “carta fora do baralho”. A diferenciação será tão natural como respirar. O professor de massas acabou.
6. Medo da Wikipedia
Wikipedia é a maior força democratizante no mundo actual. Se os professores têm receio em deixar os alunos utilizá-la, está na hora de olhá-la de frente sabendo que com este ou outro nome a Wikipedia vai continuar a crescer exponencialmente. Talvez esteja na hora de cada um também dar o seu contributo.
7. Manuais em papel
Os livros são agradáveis, mas, daqui a dez anos, toda ou quase toda a leitura será feita através de meios digitais.
8. Cadernos, lápis, canetas… papel
Provavelmente não vão acabar, mas com toda a certeza vão diminuir e muito na quantidade. As crianças aprenderão a escrever e a desenhar em dispositivos digitais e a grande maioria dos trabalhos, testes e exames poderão ser feitos da mesma maneira. A floresta agradece. Quem não perceber e se adaptar… desaparece.
9. Pastas
Já hoje, em muitas das nossas escolas, que necessidade têm as crianças e os jovens de andarem com bolsas pesadas às costas com custos associados à sua saúde? Com livros e cadernos digitais… as pastas escolares serão cada vez menos pesadas até desaparecerem. As colunas vertebrais agradecem.
10. Departamentos TIC
Um fim à vista. As TIC não serão uma especialidade. As TIC serão a realidade, as ferramentas essenciais de todos os professores e educadores. Todos os agentes da educação e formação terão competências TIC elevadas. Com a afirmação do “Cloud Computing”, a qualidade e aumento da cobertura sem fios e o acesso via satélite, coisas agora “tão importantes” como software, segurança e conectividade serão coisas do passado.
11. Instituições centralizadas
Os edifícios escolares vão transformar-se em centros de aprendizagem e não em locais onde toda a aprendizagem acontece. Os edifícios serão menores, os horários dos professores e alunos irão mudar para permitir que menos pessoas estejam na escola de uma só vez, abrindo caminho a um ensino mais experimental, vivencial, fora do ambiente escolar.
12. Níveis de ensino
A educação vai tornar-se mais individualizada, abandonado significativamente a estrutura dos níveis de ensino tal como os conhecemos hoje. Os alunos serão associados por interesses, seguindo cada um uma aprendizagem especializada. (ver ponto 5)
13. Escolas e professores “atecnológicos”
Escolas e professores que não utilizem as tecnologias estarão condenados ao fracasso. As primeiras a fechar. Os segundos a mudar de profissão.
14. Normas Curriculares
As normas curriculares actuais integram enormes bloqueios à diferenciação da aprendizagem, imagem de marca da educação do futuro. A raiz da mudança curricular será as escolas do ensino básico como fornecedoras de conteúdos fundamentais e as dos níveis superiores com a oferta de aprendizagens especializadas.
15. Reuniões de pais e professores à noite
As ferramentas já hoje disponíveis para comunicação virtual tornarão as reuniões “físicas” uma raridade. De uma forma ou de outra, os pais vão obrigar a escola a utilizar a tecnologia para comunicar. Não vá. Ligue-se.
Fonte: http://www.professortic.com/2011/12/15-coisas-que-serao-obsoletas-na-educacao-ate-2020/
15 coisas que serão obsoletas na Educação até 2020
Os próximos 10 anos serão de mudanças profundas na Educação, a todos os níveis. Nada que tenha a ver com a crise que vivemos, mas com a revolução digital que se acelera todos os dias.
Há cerca de um ano, a escritora Shelley Blake-Plock publicou um artigo no seu blogue Teacher 2.0, intitulado, “21 Things That Will Become Obsolete in Education by 2020″. Mais adaptado à realidade portuguesa, selecionei e adaptei 15 tópicos que vão no mesmo sentido. Talvez ajude a ultrapassar a depressão portuguesa de 2012 e 2013. Sem cinismo.
1. Mesas
O século 21 não se encaixa nada em mesas alinhadas. A educação vai reforçar os conceitos baseados em redes de fluxos, colaboração e dinamismo que vão reorganizar o espaço das aprendizagens, tornando obsoletas as filas de mesas e cadeiras características das nossas salas de aula fabris.
2. Laboratórios de Línguas
A aprendizagem de um língua estrangeira vai estar (já está, para quem quiser) à distância de um smartphone. Mais espaço disponível nas escolas.
3. Computadores
As salas de computadores, muitas vezes encostados às paredes, serão como que peças de museu. Os portáteis, tablets, smartphones e outros dispositivos vão limpar os velhos ecrãs, as torres e os emaranhados de fios. Mais espaço.
4. Trabalhos de casa
A educação será pensada e trabalhada 24 horas por dia, 7 dias por semana. Os limites tradicionais entre a escola e a casa tenderão a desaparecer. Como disse alguém, não precisamos de crianças para irem à escola; precisamos delas para aprenderem mais. A aprendizagem será contínua e em movimento. (ver o ponto 3).
5. Instrução massificada
Nos próximos 10 anos o professor que não souber utilizar a tecnologia para personalizar e diferenciar a aprendizagem dos seus alunos será “carta fora do baralho”. A diferenciação será tão natural como respirar. O professor de massas acabou.
6. Medo da Wikipedia
Wikipedia é a maior força democratizante no mundo actual. Se os professores têm receio em deixar os alunos utilizá-la, está na hora de olhá-la de frente sabendo que com este ou outro nome a Wikipedia vai continuar a crescer exponencialmente. Talvez esteja na hora de cada um também dar o seu contributo.
7. Manuais em papel
Os livros são agradáveis, mas, daqui a dez anos, toda ou quase toda a leitura será feita através de meios digitais.
8. Cadernos, lápis, canetas… papel
Provavelmente não vão acabar, mas com toda a certeza vão diminuir e muito na quantidade. As crianças aprenderão a escrever e a desenhar em dispositivos digitais e a grande maioria dos trabalhos, testes e exames poderão ser feitos da mesma maneira. A floresta agradece. Quem não perceber e se adaptar… desaparece.
9. Pastas
Já hoje, em muitas das nossas escolas, que necessidade têm as crianças e os jovens de andarem com bolsas pesadas às costas com custos associados à sua saúde? Com livros e cadernos digitais… as pastas escolares serão cada vez menos pesadas até desaparecerem. As colunas vertebrais agradecem.
10. Departamentos TIC
Um fim à vista. As TIC não serão uma especialidade. As TIC serão a realidade, as ferramentas essenciais de todos os professores e educadores. Todos os agentes da educação e formação terão competências TIC elevadas. Com a afirmação do “Cloud Computing”, a qualidade e aumento da cobertura sem fios e o acesso via satélite, coisas agora “tão importantes” como software, segurança e conectividade serão coisas do passado.
11. Instituições centralizadas
Os edifícios escolares vão transformar-se em centros de aprendizagem e não em locais onde toda a aprendizagem acontece. Os edifícios serão menores, os horários dos professores e alunos irão mudar para permitir que menos pessoas estejam na escola de uma só vez, abrindo caminho a um ensino mais experimental, vivencial, fora do ambiente escolar.
12. Níveis de ensino
A educação vai tornar-se mais individualizada, abandonado significativamente a estrutura dos níveis de ensino tal como os conhecemos hoje. Os alunos serão associados por interesses, seguindo cada um uma aprendizagem especializada. (ver ponto 5)
13. Escolas e professores “atecnológicos”
Escolas e professores que não utilizem as tecnologias estarão condenados ao fracasso. As primeiras a fechar. Os segundos a mudar de profissão.
14. Normas Curriculares
As normas curriculares actuais integram enormes bloqueios à diferenciação da aprendizagem, imagem de marca da educação do futuro. A raiz da mudança curricular será as escolas do ensino básico como fornecedoras de conteúdos fundamentais e as dos níveis superiores com a oferta de aprendizagens especializadas.
15. Reuniões de pais e professores à noite
As ferramentas já hoje disponíveis para comunicação virtual tornarão as reuniões “físicas” uma raridade. De uma forma ou de outra, os pais vão obrigar a escola a utilizar a tecnologia para comunicar. Não vá. Ligue-se.
Fonte: http://www.professortic.com/2011/12/15-coisas-que-serao-obsoletas-na-educacao-ate-2020/
segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Personal Learning Environment – Bibliografia anotada
Attwell, G. (2007). Personal Learning Environments - the future of eLearning?. ELearning Papers Vol 2, Nº 1, January 2007. Disponível em: http://www.elearningeuropa.info/files/media/media11561.pdf
Descrição: Artigo sobre o papel central dos personal learning environments (PLE’s) na aprendizagem do futuro, sendo uma questão pedagógica e não técnica, embora reflexo da evolução tecnológica. Os PLE’s são uma nova abordagem da utilização das TIC na educação e revolucionam o papel dos professores e dos estudantes no processo de ensino e aprendizagem.
O autor refere a questão da validação da aprendizagem informal já reconhecida pela maioria dos países europeus que encontraram formas para efetuar o seu reconhecimento, considerando que a aprendizagem formal representa apenas 20% das aprendizagens adquiridas para o desempenho profissional. Apesar disso, tem sido dada pouca importância a este tipo de aprendizagens no âmbito das tecnologias da educação. Em contraponto, os PLE’s vêm permitir a inclusão de todo o tipo de aprendizagens e de todos os estilos de aprendizagem, uma vez que é personalizado pelo próprio estudante consoante as suas necessidades e expectativas. A utilização das ferramentas da Web 2.0 veio facilitar a partilha, a pesquisa, a produção de artefactos, a discussão, o trabalho colaborativo, tudo como forma de construção de conhecimento. O estudante constrói o seu PLE, escolhendo as ferramentas e os serviços que considerar adequados ao seu processo de aprendizagem, seguindo as orientações do professor ou na perspetiva da aprendizagem autodirigida, mas sob o seu controlo. Os PLE’s conferem mais responsabilidade e mais autonomia aos estudantes e conjugam o papel das escolas com o mundo exterior, real.
O autor refere ainda várias instituições de ensino e empresas que incentivam os seus estudantes e trabalhadores a utilizarem ferramentas da Web 2.0, nomeadamente os blogues, como forma de aprendizagem na ótica do trabalho colaborativo.
Avaliação: Este artigo é bastante claro quanto ao papel dos PLE’s no novo paradigma educacional, reflexo do novo paradigma social.
A sociedade atual coloca no individuo a responsabilidade pela manutenção da sua empregabilidade, obrigando-o a seguir o ritmo alucinante da evolução tecnológica. Nestas circunstâncias, a perspetiva da aprendizagem ao longo da vida torna-se uma questão premente. Habilitar os estudantes a saberem construir o seu percurso de aprendizagem é fornecer-lhes ferramentas para, no futuro, poderem continuar a sua formação de forma autónoma e responsável.
*****************************************************************************
Nascimento, M. A. (2012). Personal learning environments: um pretexto para (re)pensar a aprendizagem em plataformas digitais. In Monteiro, A., Moreira, J. A. & Almeida, A. C. (2012). Educação Online: pedagogia e aprendizagem em plataformas digitais (pp. 97-109). Santo Tirso: De Facto Editores.
Descrição: Capítulo VI do livro referenciado. A autora pretende questionar, fundamentar e clarificar a mudança que o modelo de personal learning environments (PLE’s), em conjunto com a Web 2.0 e o e-learning 2.0, está a causar no paradigma de ensino e aprendizagem. Começando por apresentar uma conceção de PLE a autora verifica, apesar da diversidade de perspetivas, existir uma tendência para “… a enfâse na reunião das componentes humana (pessoas e comunidades) e material (ferramentas e recursos) interagindo de um modo informal e solto.” (p. 98). Desta forma, os PLE’s apresentam a vantagem de integrar “… aprendizagens formais e informais, interesses pessoais e profissionais, trabalho individual e colaborativo…” (p. 98) ao mesmo tempo que “… permite diferentes tipos de concretização e implementação, articulando com variadas abordagens pedagógicas.” (p.98).
É apresentada a construção do PLE como o primeiro passo para a criação de redes pessoais e profissionais de aprendizagem que procuram desenvolver nos sujeitos capacidades e competências e que se suportam na sua motivação para uma participação ativa e continuada, na perspetiva da aprendizagem ao longo da vida como resposta às exigências da sociedade atual.
Tendo em vista este objetivo, a autora considera que o conceito de self directed learning (SDL - aprendizagem autodirigida) é fundamental. Sobre este conceito, são destacadas três dimensões: a dimensão psicológica que remete para o controlo psicológico sobre a própria aprendizagem e que envolve aspetos da personalidade, de motivação, processos cognitivos e metacognitivos; a dimensão pedagógica que controla o processo de aprendizagem e a dimensão social que congrega variáveis contextuais, situacionais e interações em contextos informais ou formais. Verifica-se também que a autodiretividade da aprendizagem requer uma determinada maturidade cognitiva mais frequentemente encontrada nos adultos e em sujeitos com elevado nível de instrução, o que conduz à importância da promoção da autodiretividade na aprendizagem e da personalização do ensino e da aprendizagem, fundamento dos PLE’s.
Os papéis e as tarefas de e-moderação e de e-mediação são fatores cruciais para o sucesso da implementação de comunidades de aprendizagem online. Deste modo, as características dos ambientes de aprendizagem, os aspetos motivacionais, as literacias e capacidades exigidas, as atividades a desenvolver e as questões com a autoria, a privacidade e a ética, são domínios a ter em conta para criar ambientes com componentes e condições favoráveis ao crescimento cognitivo dos aprendentes. A acrescer a estes fatores a autora refere dois outros aos quais o aprendente deve dar atenção: a dimensão semiótica, relativa à forma de disseminação da informação, ferramentas e formatos utilizados, forma de armazenamento e a dimensão económica, que diz respeito ao valor do conhecimento e à relação custo-benefício, tão importante na atual sociedade de matriz financeira. Relativamente a este aspeto, há que questionar a desvalorização da aprendizagem informal não certificada e insistir na questão da avaliação como meio de validar aprendizagens e assim valorizá-las, no sentido de adquirirem valor económico para o individuo, o que lhe permitirá tomar decisões informadas sobre o que, quando e como aprender.
Avaliação: Artigo bastante atual sobre o conceito de personal learning environment.
Destaco duas questões abordadas: a questão da aprendizagem autodirigida como instrumento da construção de um PLE e a questão da atribuição de valor económico ao conhecimento. Relativamente à aprendizagem autodirigida, considero relevante a necessidade da personalização do ensino e da aprendizagem, uma vez que o adulto, tendo a consciência do que quer e para quê, encontra-se muito mais motivado para a aprendizagem num ambiente que vá de encontro às suas aspirações e expectativas, construindo-o à medida das suas necessidades. Ao atribuir significado às suas aprendizagens, constrói o seu conhecimento.
No que se refere à atribuição de valor económico ao conhecimento, este é mais um fator de motivação para o sujeito. Sendo uma constatação da realidade dos factos e do funcionamento da sociedade capitalista em que vivemos, conferir carga económica ao conhecimento é uma constatação bastante triste…
domingo, 9 de dezembro de 2012
Cibercultura - uma reflexão em torno do conceito de Pierre Levy
O conceito de cibercultura do filósofo francês Pierre Levy articula-se
à volta de duas noções genéricas que o autor explica ao longo da obra
“Cibercultura”: o universal sem totalidade, em que o autor considera ser
esta a essência da cibercultura.
Ao longo da explicação apresentada, deparamo-nos com outros conceitos e
dualidades necessários para construir o de cibercultura: ciberespaço,
inteligência coletiva, virtual versus real.
Considerando o
ciberespaço, como um espaço não tangível de transmissão, pesquisa, partilha,
discussão, aprendizagem e recolha de informação de toda a espécie (texto,
imagem, som…), podemos compreender que o virtual não substitua o real mas sim
que o complete e ajude a transformar. A capacidade
de partilha de informação criada pela tecnologia da comunicação em linha,
através de redes de computadores dispersos pelo mundo, abre possibilidades
infinitas à reconstrução constante do conhecimento, conferindo à cibercultura o
seu carácter universal, por um lado e retirando-lhe a totalidade, por outro,
devido à persistência da atualização do conhecimento. O conhecimento torna-se
mais democrático e ao serviço dos cidadãos, permitindo uma maior participação e
maior transparência nas políticas públicas que os afetam.
Levy (2000, p. 132) , ao referir:
“… três princípios orientaram o crescimento inicial do ciberespaço: a interligação,
a criação de comunidades virtuais e a inteligência colectiva.”, sistematiza a
evolução que a técnica proporcionou à cultura, alterando radicalmente os
paradigmas educacionais, sociais, culturais, económicos e políticos. Sendo a
utilização da Internet um pólo de partilha de opiniões livre de censura - seja
política, religiosa ou outra – os utilizadores tendem a agrupar-se em fóruns de
discussão ou outros espaços virtuais que abordem temas de interesse comum. A
utilização da rede para fins ilícitos ou desadequados no contexto, representa
uma franja marginal, que podemos considerar um efeito secundário, difícil de
evitar mas que é também frequentemente autocontrolado pelos próprios
utilizadores que criaram espontaneamente uma netiqueta, conjunto de normas de
utilização dos fóruns e dos espaços existentes, que regula intervenções desapropriadas
e denuncia intenções de carácter duvidoso.
A velocidade a que ocorrem as mudanças tecnológicas, torna este livro
um pouco desatualizado quando refere meios técnicos e formas de
interatividade. O fenómeno das redes sociais, por exemplo, teve uma
disseminação massificada posterior à edição do livro, sendo precisamente o
reflexo dessa evolução da criação de comunidades onde os cidadãos se mantêm em
contacto.
Atentemos no caso do Facebook:
a maior rede social do mundo atingiu em outubro deste ano o número
impressionante de mil milhões de utilizadores, espalhados por todo o mundo.
Isto representa um sétimo da população mundial ligada em rede, com a
possibilidade de partilhar as suas competências pessoais e profissionais e
colocá-las ao serviço de quem as quiser utilizar e, com isso, enriquecer e
criar novo conhecimento. Até já os governos adotaram essa forma de se
comunicarem com os cidadãos, salvaguardados os devidos juízos de valor
relativos a essa forma de atuação. No Facebook
criam-se inúmeros grupos abertos, fechados, secretos, comunitários, de empresas
ou instituições,… em que supostamente os seus membros partilham interesses em
comum e têm a possibilidade de trocar pontos de vista, partilhar informação das
mais diversas formas construindo, assim, novos conhecimentos. O próprio criador
do Facebook, Mark Zuckerberg,
escreveu em 2 de dezembro de 2009, no blogue que mantém no Facebook, “…make the world more open and connected.”
É a interação entre estas
comunidades construídas num espaço virtual através das redes digitais que vai
progressivamente construindo a inteligência coletiva mundial, conferindo-lhe um
carácter dinâmico sempre aberto e servindo simultaneamente de memória coletiva
da humanidade.
Se pensarmos no caso, por
exemplo, do Google Earth, as
possibilidades que oferece de identificação de locais, de procurar endereços,
de medição de distâncias entre dois pontos, visualização de locais a três
dimensões, comparação de imagens do mesmo local ao longo do tempo, são inúmeras
e universais. Os utilizadores podem partilhar e identificar na rede, locais que
visitaram ou onde habitam com indicações úteis sobre alojamento, serviços
locais e apreciações gerais, sempre na perspetiva da partilha da informação,
oferecendo a outros a possibilidade de encontrarem informação sobre locais que
desejem visitar, por exemplo. Trata-se, no fundo, de uma base de dados online,
em que as atualizações são visíveis praticamente em tempo real, bastando
atualizar a página.
Esta possibilidade de aumentar o acervo
do conhecimento humano é complementada pelo correio
electrónico que permite a comunicação um-para-um, um-para-todos,
personalizando a troca de informação entre o emissor e o(s) receptor(es), permitindo
a criação de mailing lists, anexação
de ficheiros de vários tipos, acessível agora, ao contrário do que acontecia à
data do livro de Lévy (pelo menos, em Portugal e de forma massificada como
hoje), até através do telemóvel, a qualquer hora, em qualquer parte do mundo.
E tudo na ótica da
complementaridade do virtual com o real, pois um não substitui o outro, antes o
publicita, completa e tenta atuar sobre ele, na perspetiva de melhorar a vida
das pessoas. Como refere Lévy (2000, p. 232): “É muito raro que uma nova forma
de comunicação ou de expressão suplante completamente as antigas. Fala-se menos
desde que a escrita foi inventada? É evidente que não. (…) A escrita não fez
desaparecer a palavra, ela tornou mais complexo e reorganizou o sistema de comunicação
e de memória social.”.
Referências:
Lévy, P. (2000) Cibercultura.
Lisboa: Piaget.
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