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terça-feira, 30 de abril de 2013

BIBLIOGRAFIA ANOTADA – RECURSOS EDUCACIONAIS ABERTOS (REA/OER)


NOTA INICIAL:
A escolha dos artigos cuja descrição e avaliação se apresenta seguidamente, foi feita, não a pensar numa abordagem inicial à temática dos REA (uma vez que isso já foi debatido), mas a aspetos específicos relacionados com as possibilidades que eles oferecem e com alguns cuidados que se devem ter em consideração, na disseminação de um REA. No entanto, ambos os artigos apresentam uma descrição do que são Recursos Educacionais Abertos, ainda que superficial e remetem para bibliografia para aprofundamento do tema.

ARTIGO 1:

Wiley, D., Green, C. e Soares, L. (2012). Dramatically Bringing Down the Cost of Education with OER. Disponível em: http://www.americanprogress.org/issues/labor/news/2012/02/07/11167/dramatically-bringing-down-the-cost-of-education-with-oer/

Breves notas sobre os autores:

- David Wiley foi professor de Psicologia Educacional e Tecnologia na Brigham Young University. Atualmente colabora com a Shuttleworth Foundation e dirige a Lumen Learning, uma organização dedicada à adoção de Recursos Educacionais Abertos pelas instituições de ensino. É reconhecido pelo seu trabalho na defesa dos Recursos Educacionais Abertos e tem trabalhado no sentido de reduzir os custos na educação e melhorar a sua qualidade.
- Cable Green é diretor na Creative Commons e defende também o direito do público a ter acesso aos recursos produzidos com o dinheiro dos contribuintes.
- Louis Soares é Diretor do Postsecondary Education Program no Center for American Progress e foi nomeado para o National Board of the Fund for the Improvement of Postsecondary Education em novembro de 2011. Tem trabalhado para a reforma da educação pós-secundária no sentido de aproximar a educação às necessidades do tecido empresarial, estabelecendo várias parcerias entre instituições de ensino e empresas.

Descrição: O artigo começa por apresentar e descrever o que são Recursos Educacionais Abertos (REA) referindo-se às Licenças Creative Commons e aos 4R’s dos REA – revise, reuse, remix, redistribute. Os autores realçam a natureza da educação como uma atividade de partilha na sua essência: “If a teacher is not sharing what he or she knows with students, there is no education happening” (p. 2).
Contudo, a linha forte do artigo prende-se com três aspetos principais:

  • a necessidade da alteração do pensamento dos educadores que devem dispor-se a partilhar os seus recursos e a utilizar os recursos disponíveis, adequando-os aos seus contextos e melhorando-os aumentando, assim, a sua qualidade e a quantidade de recursos utilizáveis por outros;
  • a enorme redução de custos que os Recursos Educacionais Abertos podem representar para os orçamentos das universidades e instituições de ensino no geral, assim como para os próprios estudantes, contribuindo para a verdadeira democratização da educação, só possível agora com a generalização do uso da Internet;
  • a necessidade de melhorar a utilização dos fundos públicos, partilhando com os contribuintes os recursos produzidos com o dinheiro proveniente dos seus impostos: “Why should we be expected to pay a second time before we’re granted access to the thing we’ve paid for once?” (p. 4).


Avaliação: O artigo faz o enquadramento da temática dos REA, apresentando a definição e realçando o caráter aberto, logo completamente gratuito para os utilizadores, destes recursos.
A questão da rentabilização dos dinheiros públicos é bastante pertinente e importante. Na verdade, não há justificação para que recursos financiados pelo erário público não sejam do domínio público.
No entanto, os educadores devem mudar a sua atitude quanto à reutilização dos recursos disponíveis e à partilha com os devidos créditos, o que só pode contribuir para melhorar a qualidade dos recursos e chegar a cada vez mais pessoas.
É, na verdade, como os autores referem, uma obrigação moral e ética, prosseguir no caminho dos Recursos Educacionais Abertos.

ARTIGO 2:

Wenk, B. (2010). Open educational resources (OER) inspire teaching and learning (p. 435-441). Disponível em:
http://www.ieec.uned.es/Investigacion/Educon2010/SearchTool/EDUCON2010/papers/2010S02G04.pdf

Os dados sobre o autor encontram-se no início do artigo.

Descrição: O autor faz um breve enquadramento do que são REA recorrendo à definição da OCDE. Seguidamente, faz a apologia da disponibilização dos mesmos em repositórios nacionais e institucionais como forma de os tornar acessíveis a partir de qualquer lugar do mundo e dá alguns exemplos de repositórios e agregadores de repositórios que facilitam a pesquisa.

Por outro lado, para que as pesquisas sejam eficazes, há que facultar informação que permita aos motores de busca encontrar o que é solicitado, pelo que é importante fornecer o maior número de meta-dados que possibilite a identificação dos recursos disponibilizados. A este propósito, o autor refere o conceito de folksonomies, que consiste na atribuição de tags de forma colaborativa pelos utilizadores, tornando maior o número de ocorrências numa pesquisa.

Wenk refere também que os recursos devem ser disponibilizados em formatos que facilitem a adaptação dos recursos. Numa breve análise às razões pelas quais se verifica uma baixa taxa de reutilização dos REA por parte dos professores no MIT, o autor considera que ela se pode dever às diferenças de contextos, que requerem adaptações profundas nos recursos que exigem muito tempo devido a formatos pouco adaptáveis ou a barreiras técnicas, como a falta de acesso aos repositórios. Na parte final do artigo, o autor apresenta um estudo de caso que se debruça sobre a adoção do Moodle pela sua Universidade e refere as dificuldades encontradas para adaptar ao contexto específico os tutoriais do Moodle disponibilizados com licenças abertas. Apresenta também como essas dificuldades foram ultrapassadas e dá sugestões de melhoria para tornar mais fácil a reutilização desses recursos.

O artigo pretende demonstrar que é necessário partilhar recursos com licenças abertas, em formatos facilitadores, torná-los fáceis de encontrar e de adaptar para voltar a partilhar, ou o movimento dos REA não terá sucesso “… teachers must make their own resources available. Otherwise, the OER movement will not be successful” (p. 438).

Avaliação: Um artigo bastante interessante para quem pretende construir e partilhar Recursos Educacionais Abertos. O autor alerta para um conjunto de aspetos importantes, a saber:

  • os REA devem ser disponibilizados em servidores de agregação de REA – repositórios nacionais e institucionais de acesso livre;
  • um maior número de detalhes na prestação de informação sobre o recurso (meta-dados) torna a pesquisa mais eficiente;
  • se os utilizadores puderem colocar tags nos recursos, eles são mais facilmente encontrados – folksonomies (collaborative tagging);
  • a estandardização dos formatos dos meta-dados permitem a indexação pelos motores de busca, atribuindo maior visibilidade aos recursos;
  • os formatos em que os recursos são construídos são facilitadores da adaptação e reutilização.

O artigo fornece também informação útil sobre repositórios de REA que poderão ser úteis como ferramenta de pesquisa e sobre os formatos mais aconselhados para utilizar em REA.
Retemos a ideia de que a acessibilidade sem custos dos REA é a sua essência, mas os educadores devem ser incentivados a partilhar os seus recursos e a utilizar, melhorar, adaptar e partilhar os recursos de outros, respeitando os créditos do autor, pois isso também lhes trará prestígio e reconhecimento.

Ver também Vídeo TEDx David Wiley

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